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Sustentabilidade e veículos elétricos, um trabalho em progresso

Sustentabilidade e veículos elétricos, um trabalho em progresso

No último século, os automóveis a gasolina ou gasóleo foram o transporte dominante. Com as regulamentações ambientais cada vez mais apertadas no sentido de reduzir as emissões de gases e o impacto ambiental, os veículos de quatro rodas deverão gradualmente assumir como forma de propulsão privilegiada a eletricidade. Mas esta “estrada” não será fácil e tem muitos obstáculos para transpor. 

 

Um brinquedo construído para agradar ao Imperador da China, em 1672, marca o nascimento daquele que foi, provavelmente, o primeiro veículo a que podemos chamar automóvel. Da autoria de Ferdinand Verbiest, um astrónomo, matemático, cientista, jesuíta e missionário holandês na China, o veículo era movido a vapor, mas de pequena escala, sem a possibilidade de levar um motorista. Cerca de 40 anos mais tarde nasciam as primeiras viaturas movidas a motores de combustão interna, e que dariam início ao admirável novo mundo dos automóveis.

 

Foram necessários mais de  300 anos para chegarmos à conclusão de que a evolução e o desenvolvimento estavam a matar o planeta. Hoje, todos imaginamos um mundo perfeito onde o equilíbrio entre inovação e  progresso consiga preservar o meio ambiente, e em que a sociedade possa viver de forma saudável, com os menores índices de poluição possíveis e com a certeza de que as gerações vindouras não irão padecer das doenças que hoje estão conotadas com as agressões que fazemos ao planeta. Imaginamos os carros elétricos como uma alternativa às viaturas movidas a combustíveis fósseis e também como a solução para a poluição do ar e  sonora. Mas será que a substituição gradual da frota automóvel resultará num ambiente isento de poluição? Será esta a única, ou mais adequada, solução para todos os nossos problemas? Não há uma resposta certa e as opiniões dividem-se.

 

Para perceber o impacto ambiental de qualquer produto é necessário compreender todo o respetivo ciclo de vida, desde a extração das matérias-primas à poluição gerada durante a manufatura, operação e distribuição, assim como o impacto do desperdício residual ou reciclagem. Para um Veículo Elétrico (VE), a fonte de eletricidade utilizada na operação tem um papel fundamental no impacto ambiental.

 

Muitas questões se levantam em relação ao VE, nomeadamente a conveniência – tempo de carregamento, necessidade de planeamento e duração da viagem, tempo de vida das baterias, performance do automóvel, mas também acessibilidade - os preços dos veículos elétricos continuam a ser muito elevados, apesar de nos países em que são subsidiados a adesão por parte da população aumentar substancialmente – e ainda, a questão mais debatida, as baterias, tanto no fabrico como na reciclagem. 

 

Um dado é certo: a indústria automóvel tem e terá sempre um papel fundamental na criação de um melhor ambiente e na construção de um setor de transportes mais sustentável. Na realidade, se os fabricantes de automóveis centrarem a sua oferta apenas em viaturas elétricas, os consumidores não terão outra alternativa. Mas será este o caminho acertado?

 

Democratizar a compra é preciso

Os incentivos fiscais são certamente o fator que mais contribui para o aumento das vendas, existindo realidades diferentes nos vários países, tanto na Europa como no resto do mundo. São estas medidas que, por exemplo, fazem com que na Noruega, os veículos elétricos cheguem aos 50% do parque automóvel, e na Califórnia, aos 20%. 

 

Na Noruega, estes veículos contam com uma isenção do imposto de valor acrescentado (VAT). Já na Suécia e na Roménia têm uma percentagem do valor da compra subsidiada, enquanto em França, na Alemanha, Espanha e Reino Unido, os subsídios dependem da tecnologia e categoria do veículo. Em Portugal são aplicadas as reduções ao nível dos impostos, tanto a particulares como empresas.

 

Atualmente, as vendas de carros elétricos representam mundialmente apenas 1,6% das vendas totais, entre elétricos puros e híbridos com plug-in. Já o número de carros elétricos ultrapassa os dois milhões no mundo, sendo a China responsável pela utilização de um milhão, dos quais 300 mil são autocarros elétricos. Números que, ainda assim, andam muito longe dos objetivos climáticos definidos pelo acordo de Paris: 140 milhões de VE em 2030. 

 

Entre as principais razões para o consumidor permanecer cético quanto a uma mudança para o elétrico, encarando-o como uma solução absolutamente credível, estão o já referido preço de aquisição, mas também alguma falta de informação. A incerteza tecnológica, assim como as necessidades de infraestruturas (carregadores), sobretudo no que se refere a países como a China e a Índia cuja dimensão geográfica e populacional pode obrigar a escolher veículos convencionais, são outros entraves ao desenvolvimento deste negócio. 

 

No entanto, as soluções podem passar pelo aumento da escala no fabrico dos elétricos, o que ajudaria a resolver a questão do preço, tornando os veículos mais acessíveis, e por uma manutenção mais simplificada que,  aos olhos do consumidor, possa servir como um incentivo suplementar para que esta mudança aconteça, nomeadamente no que diz respeito aos travões, filtros e outras componentes que precisam de ser substituídas mais frequentemente nos veículos convencionais.

 

Tesla, Nissan e Chevrolet são algumas das marcas que mais estão a apostar neste segmento, com propostas que rondam os 30 mil euros. A Tesla, por exemplo, quer crescer dos 50 mil veículos produzidos hoje para 500 mil em 2020, atingindo uma quota de mercado de 10%. Mas todas as outras marcas estão também a investir milhões. Por isso, se em breve tivermos automóveis mais velozes, mais baratos e convenientes, a capacidade de atração dos VE será bem maior.  

 

Zero emissões, a utopia

É preciso dizer que mesmo os elétricos não são veículos de emissões zero. Ainda que mais ecológicos, continuam a gerar emissões pela utilização dos pneus e travões, por exemplo. E que, apenas sendo um VE “puro”, compensa a utilização, tendo em conta que é mais pesado e que, ao utilizar o sistema misto, terá emissões superiores quando comparado com o veículo convencional. 

 

Substituir veículos convencionais por veículos elétricos não será uma solução cabal para ter um sistema de transportes sustentável na Europa. Problemas como a congestão e pressão nas infraestruturas ainda permanecerão. Todavia, a médio prazo, os VE serão uma solução para caminhar para este sistema de transportes mais amigo do ambiente. 

 

Outra questão, segundo dados da Agência Europeia para o Ambiente, é que, para fabricar um VE é necessário mais 70% de energia primária do que para um automóvel convencional, gerando mais poluentes, dependendo da fonte de energia utilizada. Se 80% dos automóveis fossem elétricos, conforme se vaticina para 2050, a Europa deveria conseguir uma capacidade adicional de 150GW em termos de produção de energia. Se por um lado se alcança uma redução das emissões dos vários gases poluentes, este efeito positivo é parcialmente reduzido pela procura adicional de eletricidade.

 

O fabrico também requer matérias-primas para os magnetos, necessários à construção de motores elétricos, muitas vezes feitos de elementos raros na Terra como neodímio, disprósio, samário e cobalto. O mesmo acontece com as baterias, no que se refere ao cobalto e ao níquel, também frequentemente encontrados entre os materiais necessários à respetiva concepção, sendo estes materiais considerados críticos. Também não é certo que haja quantidades suficientes na Europa, obrigando os fabricantes europeus a adquiri-las noutros lugares no mundo. 

 

Baterias: à procura do 'Santo Graal'

As baterias de lítio sólido são o 'Santo Graal' dos elétricos. São mais seguras, carregam mais rápido e vivem mais tempo. Mas a CATL, fabricante chinês de baterias, cuja posição é predominante no mercado mundial, alerta para o longo caminho a percorrer até que este tipo de bateria possa ser comercializado.  A marca chinesa já produz grande parte das baterias a nível mundial, seguida da japonesa Panasonic e pela LG Chem, da Coreia do Norte. 

 

As diretivas europeias exigem que quem fabrica as baterias seja responsável pela sua recolha e reciclagem. Para que tal aconteça, estão em curso negociações para criar um cluster europeu de fabrico de baterias. Atualmente, a Umicore, empresa responsável pela recolha e reciclagem de baterias de lítio, já investiu 25 milhões de euros numa fábrica em Antuérpia, e é o grande player europeu nesta área. A marca já tem negócios na Europa com a Tesla e com a Toyota, e diz-se preparada para escalar a capacidade de reciclagem. O lítio não é um metal crítico, existe em quantidade a nível mundial, apesar do preço já ter sofrido alguma inflação devido ao aumento da procura. 

 

A legislação europeia é intransigente quanto às emissões de Co2 que deverão ser de 95g Co2/km, e a utilização de 10% de renováveis no setor dos tansportes em 2020. Com este objetivo em mente estão acautelados programas de incentivo para apoiar a investigação e desenvolvimento de melhores baterias, assim como novos motores híbridos, elétricos e outros combustíveis para que o futuro do setor dos transportes seja feito de tecnologias cada vez mais limpas e com menos impacto na saúde e no ambiente.

 

Uma poluição será certamente mais reduzida, a sonora. Imagine-se o silêncio em cidades como Nova Deli ou Nova Iorque apenas com automóveis elétricos a circular? 

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